O jogo de ontem à noite, na Luz foi um remake de outros jogos do passado. Não vou colocar em causa o golo em fora-de-jogo do FC Porto que lhes dá a vitória, mas quem estava no estádio, como eu, não estava à espera que o FC Porto marcasse o terceiro golo e ganhasse assim o jogo? É que eu estava, e não era preciso o Proença dar a ajuda necessária.
E para dizer isto, dizer que Jorge Jesus, mais uma vez, num jogo contra o FC Porto, entrou com medo. E para além de entrar com medo, entrou teimoso, como ele é. E pagou por isso.
Janeiro de 2012.
Período de transferências de Inverno. Período onde os clubes vêem o que correu mal na primeira parte da temporada e tentam remediar as lacunas. O que fez o Benfica, o seu Presidente e o seu treinador?
Aguentaram uma novela de um jogador argentino, que depois acabou por ter a mãe doente, voltar a estar boa e regressou ao seu país para poder jogar no clube do seu coração, gozando com o clube que pagou 5,5 milhões de euros pelo seu passe e com os colegas que tiveram de se cingir ao regulamento interno.
Dispensaram a alternativa credível que tinham quer ao defesa-direito, quer ao médio defensivo do sistema de jogo, emprestando-o a um dos rivais do clube, que luta neste momento, pelo título nacional.
Não encontraram uma alternativa credível a um jogador que fez 15 jogos pelo campeão francês a época passada e que para alternativa tem um Campeão do Mundo e da Europa, que certamente, só para o treinador actual do Benfica, não serve como jogador do clube.
Contrataram um jogador que estava livre, para uma posição de extremo, que de extremo não tem nada e não era a prioridade das prioridades.
Fevereiro de 2012.
Luis Filipe Vieira dá uma entrevista à RTP, onde a boçalidade foi a constante a que sempre habituou as hostes. Dizem que há um karma diferente quando o Presidente do Benfica fala, a equipa ressente-se e não sei se o Bruxo de Fafe e a sua amiga fizeram alguma coisa, mas as coisas não começaram a correr como estavam a correr até então.
Estádio da Luz, ontem.
Jorge Jesus aposta em Emerson, como tem vindo a apostar durante toda a época, e o extraordinário defesa esquerdo que só o treinador do Benfica assim o considera, não consegue fazer uma merda de uma cobertura defensiva para o movimento que Hulk faz sempre em todos os jogos. Em todos os jogos!
Jorge Jesus aposta também em Gaitán, pela sua capacidade de improviso e técnica, mas esquece-se que o argentino não gosta de defender, e quando isso resulta com o Paços de Ferreira ou com o Feirense, não funciona com clubes e jogadores que percebam um bocado mais da "poda".
O Benfica conseguiu dar a volta ao jogo e depois não o soube manter. A ânsia pelo ataque, pelo massacre fez com que Jesus, ao ter Aimar lesionado, optasse por Rodrigo, dando espaço ao meio-campo do FC Porto.
O resto é o que se sabe. Expulsão de Emerson, falta de alternativas no banco. Lesão de Garay. E golo em fora-de-jogo.
O que faz com que se questione tudo outra vez. E com razão. Uma equipa que tem uma vantagem de 5 pontos para a outra e em três jornadas fica a 3 não pode justificar o infortúnio com questões de arbitragem. Não se pode justificar com o sistema, a podridão do futebol, quando para esse mesmo sistema contribui com o seu apoio inequívoco.
O Benfica, nestes dez anos, foi usado como uma bandeira de muitas coisas. Sempre se utilizaram os fantasmas do passado, quando os intervenientes deste presente contribuíram para esse passado. Sempre se utilizaram as palavras de ordem contra o sistema, mas sempre se apoiou o sistema. Sempre se utilizaram as mesmas teorias da conspiração, mas sempre se alimentaram as mesmas. E assim se mantém.
A SAD do Benfica, nesta altura, está com muita incompetência e com gente que só está a utilizar a mesma para benefício pessoal e não para benefício do clube. Gente como Rui Gomes da Silva (sim, podes andar a perguntar por mim, como andas a perguntar por outros), Domingos Soares de Oliveira, Jorge Gomes, Paulo Gonçalves e outros, onde o profissionalismo é sempre evocado, menos a condição de benfiquismo. Essa condição que as pessoas que mandam no Benfica se esquecem rapidamente e só se lembram quando as coisas estão mesmo más.
Este era o mandato do sucesso desportivo. No primeiro ano, campeonato e Taça da Liga. No segundo ano, Taça da Liga. No terceiro, ainda se poderá ganhar o campeonato, a Taça da Liga e a Champions. Se não se ganhar nada, ou a 4ª Taça da Liga (para se fazer mais umas t-shirts), o que poderá servir de salvação a quem tudo prometeu e nada ganhou?
É urgente o Benfica ter na sua estrutura gente que seja do Benfica, mas do Benfica com cultura de exigência de vitória. De permanente vontade de vencer. De continuar a história que outros fizeram. De ganhar uma posição de domínio no futebol português. E não é preciso virem os chavões de que o sistema está minado. Se o Benfica se socorrer de gente que sabe o que é o futebol português, como as coisas funcionam, como as coisas se preparam, e tendo uma equipa e mentalidade ganhadora, torna-se imparável. E ainda mais grandioso. O problema é as pessoas quererem. E parece que não querem.
P.S. Vieira, uma vez mais, mentiu! Disse na entrevista da RTP que a questão dos direitos televisivos estava resolvida até final do mês de Fevereiro. Acontece que nada está feito. Também disse que não se pronunciava sobre arbitragens e ontem, falou sobre tudo e todos. Realmente, há aqui um karma qualquer esquisito quando o homem fala. Deve ser azar! Ou então, profissionalismo!